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“A poesia do caos”

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Assim a caravaneira definiu a situação da África e o que viveu lá. Em uma palavra, ENERGIA. “Amor também seria, mas a energia, estando lá, qualquer um entenderia”.

Natural de Dourados, a madrinha, miss e caravaneira visitou a sede da Fraternidade em Campo Grande, Mato Grosso Do Sul e fez questão de nos ceder uma entrevista, expondo seu diário escrito a mão durante os dias que esteve no continente, que sem saber explicar, era seu sonho de vida visitar e ajudar. E assim o fez.

“Sempre tive um carinho especial pela África. Não sei explicar. Procurei em várias outras Ong’s, na Fraternidade me encontrei. Quando pesquisei onde ficava a sede, descobri que era daqui e ficava na rua da minha casa, tudo conspirou a favor mesmo. Não teve como ser outra ONG. Logo que apadrinhei já comecei a receber e-mails sobre as caravanas, não tive dúvida. A caridade está presente na minha vida desde pequena, minha mãe sempre me levou a orfanatos e creches. Na nossa cidade, em Dourados, os indiozinhos de aldeias de lá, sempre entravam em casa tomar banho de piscina. É de família. Minha vó também já fazia isso.”

Miss Dourados, ela explica que antes de entrar, por convite, para o mundo da passarela, já imaginava ser exemplo para as pessoas. “Nunca foi vontade minha, fui indicada e resolvi encarar e assim representei minha cidade. Foi uma experiência muito legal e pude incentivar meninas que beleza não é o mais importante. Uma responsabilidade que gostei de carregar, e poder influenciar pessoas usando isso para o bem é o principal pra mim. Para ser miss é preciso ter trabalho voluntário no curriculo, eu já era madrinha e estava inscrita na caravana, passei direto”.

Perguntamos a Isabela. Vamos falar da caravana? “Vamos. Ai que saudade!”. Assim ela nos relatou seus dias em Moçambique.

“Parecia inacreditável pra mim, eu não acreditava que iria. Lembro que quando me inscrevi para a caravana, estava lotada, uma noite entrei no meu e-mail e havia uma vaga remanescente, printei na hora e mandei para os meus pais. Eu sabia que em meio a vários projetos financeiros da família, não existia essa possibilidade, mas minha mãe escreveu. – Você vai nem que eu tenha que vender minhas calcinhas. Ela falou exatamente assim. Já começei a me programar e ia na sede da ONG quase todos os dias comprar camiseta, me sentia mais dentro e mais próxima da viagem. Contei todos os dias até chegar lá.

Não caiu minha ficha até o momento que desembarquei na África. No avião, parecia que estava indo para qualquer cidade do Brasil, ou qualquer outro lugar, menos lá. Desembarcamos e entramos na van, são mais quatro horas de viagem até as aldeias, estavam todos muito ansiosos também. Sentei na janela, chegamos e já avistei a mão pintada da FSF na parede bem grande do centro de acolhimento, e várias crianças ali cantando nos esperando. Me arrepia contar e me da vontade de chorar, e aí nessa hora a bateria do meu celular acabou. Acho que foi a melhor coisa que aconteceu. Eu queria filmar, todos do Brasil estavam ansiosos para me ver chegar lá e como seria na chegada. Todos naquela van filmaram tudo, mas só eu de verdade tive o primeiro contato, guardei o celular dentro da bolsa e fui abraçar todas aquelas crianças. Aquilo da uma energia, não é só emoção, emoção a gente sente quando chega lá, o abraço é arrepiante mesmo. O barulho que eles causam, sem equipamentos, sem baterias, microfones, nada, é deles mesmo essa alegria, as musicas cantadas, a dança.

Fiz um diário escrito a mão. Foi muito bom ter feito isso. Me lembro de todos as noites escrever agradecendo por tudo o que eu tenho. Coisas simples mesmo. Obrigada pela minha comida, pela minha água, meus pais e ter um lugar onde dormir…é o que menos a gente agradece. É diferente de irmos em um favela perto da gente, voltar e dormir em casa, em uma cama boa. Estar lá é diferente, você vivencia a realidade em tempo integral, saímos da sua zona de conforto. Tomamos banho de caneca, como eles tomam, dormimos com bichos por perto, e comemos comida totalmente diferente do nosso dia a dia.

Quando voltei fiquei muito triste, meu pai ficou preocupado. Li uma frase em algum lugar que definiu muito bem a vida deles. Lá é a poesia do caos. É um caos, mas só tem poesia. Aqui é um caos e não há poesia, há futilidade, lá eles não estão nem aí como você é ou quem é. Eles querem só teu carinho… voltar para mim foi bastante chocante, desanimada de querer mudar o mundo. Só posso fazer minha parte. Seria interessante que cada um pudesse também fazer a sua.

A Fraternidade na minha vida foi um divisor de águas. Podemos escolher como influenciar as pessoas. Sendo miss influenciei muito em relação à moda, mas com certeza hoje posso levar para esse lado. Tive essa experiência aos 22 anos, isso vai me ajudar na minha vida e a enxergar esse sentimento bom nas pessoas, em rodas de amigos e até um companheiro de vida. Quero pessoas que vivam a vida escolhendo o lado do bem. Existe uma outra Isabela depois que voltei da ÁFRICA. Eu vou voltar lá e já começei a me estruturar de novo”. Finalizando a entrevista, perguntamos se existiu alguma história ou algo que mais a impactou lá. “Teve sim. Uma vovó. Ela morava embaixo de uma árvore, como tantas outras, mas tinha saúde. Só me recordo de sua resposta quando nós caravaneiros perguntamos se ela queria algo de imedianto. Ela só pediu que o mal passasse longe dela. Ela não tinha nada e só queria o bem. Tem tapa na cara maior do que esse?”

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