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Um coração sentindo o outro

/ / Depoimentos, Histórias, Moçambique, Notícias, Realidade

No dia 19 de Julho, atendíamos aproximadamente 650 crianças na aldeia 3 de fevereiro, uma das maiores da região de Chicualacuala. Em certo momento, veio carregada nas costas pela mãe, uma criança chamada Celine. Esta, com 4 anos de idade, peso de uma criança de 2 anos, gravemente desnutrida. A mãe nos relatou que com cerca de 1 ano e meio, Celine começou a ter crises convulsivas, parou de andar e falar. Nessa hora pensei como agiríamos por aqui com um filho tendo crises convulsivas. Certamente sairíamos correndo ao hospital mais próximo em busca de pronto atendimento. Mas a mãe de Celine não. Tudo o que ela podia fazer era assistir sua filha convulsionar, pois não haveria nada a se fazer nessa região por ela até agora. E há mais de 2 anos a história se repetia. Ao atendê-la, Celine não pronunciou nenhuma palavra, mas me olhava profundamente. Sorriu com o olhar e depois com todo o rosto. Foi sem dúvidas o olhar mais sereno que cruzou com o meu nesses dias tão intensos. Ela e sua mãe moram a cerca de 7 km de distância do centro de acolhimento, onde as crianças recebem refeição diária. Por sua mãe não conseguir carregá-la pelos 14 km diários, Celine não se alimenta todos os dias. A mãe trabalha diariamente na Machamba (roça) e carrega a menina a tiracolo. Graças a esse dia de atendimento, a Fraternidade sem Fronteiras pôde intervir, doando inicialmente mantimentos e recursos à mãe, bem como o acompanhamento de todo o seu tratamento a partir de agora.

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