A realidade que nos levou até lá.
Nas aldeias moçambicanas, um milhão de pessoas sofrem com a fome e consomem água suja. A maioria são crianças órfãs de pais mortos pelo HIV e malária. Trabalham em troco de um prato de comida e não vão à escola.
As pessoas chegam a ficar até 3 dias sem nenhuma refeição e andam quilômetros para conseguir 20 litros de água não potável. Há regiões em que não chove regularmente há 14 anos. Em meio a tanta necessidade, estamos nos unindo para acolher e mudar essa realidade.
A dança e a música são fortes expressões da cultura africana. Nos centros de acolhimento, incentivamos a arte como fonte de alegria à vida. Crianças e jovens formam grupos, ensaiam coreografias, cantam e se apresentam, contagiando a todos em momentos de boas-vindas e confraternização.
Em 2022, Especiosa Marge, acolhida da FSF, tornou-se a primeira universitária formada do Projeto Acolher Moçambique. A jovem graduou-se em licenciatura em Biologia e Química.
Através do apadrinhamento de jovens universitários viabilizamos a universidade, garantindo inclusive, material didático, transporte, alimentação e moradia (em virtude de as universidades se localizarem longe das aldeias moçambicanas).
É uma caminho de construção de novos sonhos e de inspiração para outros jovens.
Nos centros de acolhimento, os jovens também participam de cursos de capacitação para o trabalho através do Sonhar sem Fronteiras, que profissionaliza e capacita acolhidos do projeto. Eles aprendem a cultivar a terra, a fazer artesanato com material local, corte e costura, batik (pintura em tecido) e outros. Assim, vão conquistando autoestima, confiantes em um bom futuro.
Muitos idosos das aldeias moçambicanas moram sozinhos e têm dificuldades para se locomover. Amparamos, construindo casinhas novas para eles e jovens, acolhidos pela FSF, levam alimentação aos vovôs e vovós que não conseguem andar.
Perfuramos poços artesianos profundos, vencendo camadas de rochas, para ofertar água limpa e em abundância à comunidade das aldeias. Mães com os filhinhos nas costas andavam quilômetros até a beira do rio seco, para cavar pocinhos e retirar dali alguns litros de água não potável e atender todas as necessidades da família.
A chegada da água permitiu o início do plantio agroecológico, visando a autossustentaçào alimentar do projeto. No centro de acolhimento de Muzumuia, o cultivo sustentável, em fase piloto, já dá os primeiros frutos e a colheita vai para os pratos das crianças. Jovens, filhos de agricultores, aprendem a produzir aproveitando s recursos da natureza, e as crianças participam de atividades de educação ambiental.
A Fraternidade sem Fronteiras organiza caravanas de padrinhos da causa, que custeiam as próprias despesas e vão à Moçambique, na África, conhecer o trabalho humanitário. São médicos, dentistas, educadores, artistas, profissionais liberais - voluntários que se unem para conhecer a realidade e ajudar nas tarefas de acolhimento às famílias.
Mantemos 24 centros de acolhimento nas aldeias de Moçambique localizados dentro de uma área que abrange 700 quilômetros, indo de Barragem, próximo a Maputo, a Chicualacuala, na fronteira com Zimbábue.
Na aldeia Muzumuia, implantamos a estrutura modelo para os centros de acolhimento. Tem cozinha, salas de aula, banheiros, padaria, salas para cursos profissionalizantes.
O objetivo é levar a mesma estrutura para todos os centros de acolhimento . Em algumas unidades, ainda precisamos de cozinhas, banheiros, salas, para oferecer condições adequadas aos trabalhadores e melhor acolher as crianças.
Na unidade modelo, em Muzumuia, são desenvolvidos projetos pilotos com a possibilidade de se estenderem para os demais centros de acolhimento.
Entre as ações de caráter piloto, de iniciativa de voluntários, estão curso de flauta, aulas de capoeira e ensino à distância.