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Em Roraima, Daniela Bonalde, venezuelana e mãe solo de três filhas, acolheu uma quarta menina e agora seguem juntas para uma nova vida

Ender Toussentt, assistente de interiorização, se despedindo de Daniela e as três filhas dela

 

Elas foram interiorizadas via Acolhedor Voluntário, uma possibilidade de interiorização, oferecida pela Fraternidade sem Fronteiras, da modalidade de Reunião Social 

 

Por Taemã Oliveira, Comunicação FSF 

Silmara Andana, mulher, mãe, venezuelana e refugiada, de 38 anos, veio para o Brasil com os três filhos e o pai que tinha um grave problema de saúde. Ele faleceu pouco tempo depois da família chegar a Pacaraima. Ela se fortalece na fé, no orgulho de ser quem é e na esperança de dias melhores. “Me sinto orgulhosa, de ser venezuelana, de ter esse laço, porque isso são momentos na vida. Eu felicito, eu admiro essa mulher, porque somos isso, um exemplo para seguir em frente”, disse ela emocionada. 

Silmara aguarda em Pacaraima pela regularização de sua documentação e já pensa em abrir um processo de interiorização para assim seguir para outro estado brasileiro. Saiba mais sobre o Processo de Interiorização aqui

São muitas as mulheres mães solo, os idosos, as famílias que têm membros com doenças crônicas, doenças graves e deficiência física ou intelectual que atravessam a fronteira para o Brasil em busca de atendimento de saúde gratuito e especializado. Com a crise econômica que assola a Venezuela, o comércio no país se dolarizou, tornando escasso ou muito caro qualquer insumo e medicação. Por isso, além da falta de comida, nossos irmãos não conseguem acesso a tratamento médico. 

Andrys Daniela Bonalde, de 32 anos, também é refugiada venezuelana e veio para o Brasil fugindo da crise econômica em seu país de origem, mas também de uma situação de violência doméstica a qual era submetida pelo ex-companheiro. Ela veio com as três filhas, uma de 14 anos, outra de 10 e a menor de 7 anos. 

Ela chegou ao Brasil em agosto de 2021 e desde então esteve acolhida no Centro de Acolhimento Pricumã do Projeto Brasil, um coração que acolhe. Em Roraima, somos parceiros implementadores da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e membro da Operação Acolhida, resposta do Brasil à crise humanitária vivida pela Venezuela e que já resultou, segundo relatório recente do próprio ACNUR, no deslocamento forçado de mais de 6 milhões de venezuelanos.

Daniela, como prefere ser chamada, veio em busca de uma cirurgia para sua filha caçula que, por ter nascido com uma abertura no céu da boca, não conseguia nem comer nem falar – a cirurgia foi realizada em outubro e a menor já consegue falar e comer normalmente. Na Venezuela, ela estudou até o ensino médio e trabalhou em padaria, atenção ao cliente e manutenção, mas no Brasil ainda não havia conseguido emprego. Tentou por diversas vezes ser interiorizada, mas não conseguiu, muito em razão de estar sozinha, responsável pelas três filhas menores.

No centro, Daniela dividiu casa com Lizcar, jovem mulher de 19 anos que estava sozinha. No Brasil, ela concluiu o ensino médio e já domina bem o português. Hoje, Daniela tem Lizcar como sua “quarta filha” e quando recebeu, da equipe de Interiorização da FSF, a notícia de que poderia ser interiorizada, respondeu que só aceitaria se pudesse levar Lizcar junto, pois não a deixaria ficar para trás.

A oportunidade de interiorização de Daniela surgiu a partir de mais um chamado para a prática fraterna que recebeu um voluntário e padrinho da Fraternidade sem Fronteiras. Ele entrou em contato com o Setor de Interiorização e se prontificou a ser um Acolhedor Voluntário, isto é, a acolher, em sua cidade, uma família venezuelana que esteja acolhida em algum centro na cidade de Boa Vista, lhe garantindo aluguel e apoio financeiro por 3 meses, além de suporte para facilitar o acesso aos serviços públicos locais e o apoio no sentido de contribuir com a integração socioeconômica da família na cidade. 

“Nós estamos muito felizes e extremamente emocionadas. Tudo o que vivemos não foi nada fácil. Vir para o Brasil com três filhas pequenas, morar aqui sozinha com elas, foi uma experiência muito forte. Mas agora nos sentimos fortalecidas, seguras. Vamos em frente e vamos trabalhar, foi o que viemos fazer neste país”, disse Daniela. Ela, as três filhas e Lizcar foram interiorizadas no mês de julho.

A expectativa agora é de Noel Solano e Yulibel Zambrano, casal de enfermeiros com 2 filhos, um deles tem Transtorno do Espectro Autista. Eles também são acolhidos do Centro de Acolhimento Pricumã e tentam recomeçar a vida em Roraima, mas não conseguem emprego. Eles precisam fazer a prova do revalida para terem os diplomas de enfermagem reconhecidos. Eles estão em conversa com um padrinho da FSF que quer acolhê-los em outro estado. “Esperamos que dê certo. Para nós seria ótimo, porque essa pessoa vai nos ajudar a acessar os serviços públicos de saúde para ajudar no acompanhamento do nosso filho menor”, disse Yulibel.

Quem está do outro lado, acolhendo, fala do sentimento de poder ser útil para famílias que só precisam de acolhimento e oportunidades. “Têm certas coisas que parece que são chamados do coração. Você não consegue esquecer aquilo, resistir a não prestar uma ajuda mais efetiva, a não buscar recursos”, disse Marialice Giovani, madrinha e voluntária da Fraternidade sem Fronteiras. 

Ela esteve em uma Caravana da Saúde em Boa Vista, Roraima, em julho de 2018 e acabou acolhendo e levando uma família para Uberlândia, Minas Gerais. A criança da família tinha paralisia cerebral e ela, com amigos, conseguiram inserir os pais no mercado de trabalho e a criança nos serviços públicos de saúde. Já instalados e passados 4 anos, a família já conseguiu acolher outros familiares. “Aquilo que a espiritualidade maior tiver, eu estou aberta para fazer”, concluiu Marialice sobre acolher mais e mais.

Vamos juntos nessa corrente de acolhimento? Nós acreditamos que essa é a melhor oportunidade para nossos irmãos recomeçarem, por ser mais segura e fraterna. Saiba mais e seja um Acolhedor Voluntário

Conheça mais sobre o projeto Brasil, um coração que acolhe e se puder, apadrinhe.

 

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Taemã Oliveira

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